TEATRO ROTUNDA – DESDE 1967

Fundado em 1967 por um coletivo tendo à frente Teresa Aguiar, o Rotunda foi o primeiro grupo profissional de teatro do interior de São Paulo, originado do TEC – Teatro do Estudante de Campinas. À época, o Teatro Municipal de Campinas tinha sido demolido e o Rotunda estreou em São Carlos, seguindo depois para São Paulo com seu espetáculo Electra, de Sófocles dirigido por Teresa Aguiar. Uma mulher à frente do primeiro grupo profissional do interior paulista, despontando como diretora teatral, foram fatos pioneiros. E o Rotunda abriu, assim, novas veredas por onde tantos grupos seguiram, sedimentando um teatro fora do eixo das capitais Rio-São Paulo. E em 2022 o Rotunda completa 55 anos de produções teatrais, com Teresa Aguiar à frente, fato inédito que merece ser comemorado. A Sociedade Cultural Teatro Rotunda foi considerada Utilidade Pública Municipal de Campinas através da Lei 5953 de 06/07/1988.
Ao longo de mais de 5 décadas de atuação, o grupo reúne produções relevantes no teatro e no cinema brasileiros, com a montagem de grandes clássicos da dramaturgia mundial, obras populares e autores nacionais (adultas e infantis), cursos e oficinas para atores e técnicos, produção e participação em fóruns de debates e a preparação de atores para cinema. Além de ter em seus elencos grandes nomes como Laura Cardoso, Arlete Sales, Ney Latorraca, Lima Duarte, Maria Alice Vergueiro, Tadeu Melo, Gracindo Júnior, José de Abreu dentre muitos outros, o Rotunda tem o compromisso de formar e lançar novos atores e técnicos, tendo participado de oficinas de formação para dois longas-metragens filmados em Campinas – Topografia de um desnudo de Teresa Aguiar (que abriu o Polo de Cinema de Paulínia em 2009) e O Crime da cabra de Ariane Porto, filme escola que comemorou os 50 anos da Unicamp em 2015. Todas essas realizações desbravaram e começaram a pavimentar o terreno do mercado cultural do interior paulista.
A autora Hilda Hilst, de quem Teresa foi a primeira a montar uma peça, dizia que a obra da diretora era “permeada por uma coisa assim, entre o medievo e o sacro”, opinião que reforça a necessidade da revitalização de documentos de relevância histórica, tornando-os acessíveis às novas gerações de artistas.

Espetáculos do Rotunda. Desde 1967

Electra de Sófocles
O Cavalinho Azul, de Maria Clara Machado
Hipólito, de Eurípides
João Guimarães-Veredas, de Renata Pallottini
O Novo Sistema, de Hilda Hilst
Uma Comédia sem Título, de Martins Penna
Pedro Pedreiro, de Renata Pallottini
Romeu e Julieta, de Shakespeare
O Oráculo, de Arthur Azevedo
Uma Vendedora de Recursos, de Gastão Tojeiro
A Prima-Dona, de José Maria Monteiro
Pedro Macaco, o repórter infernal
Vida e Obra de García Lorca, de Teresa Aguiar
A Via Sacra, de Henri Ghéon
O Rato no Muro, de Hilda Hilst
Os Perigos da Bondade, de Chico de Assis
Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado
O Calvário do Zé da Esquina, de Teresa Aguiar
Tribobó City, de Maria Clara Machado
Dr. Zote, de Neri Gomes de Maria
Laço de Sangue, de Athol Fugard
Dindi, de Fernando Limoeiro
Fala, Poesia, de Renata Pallottini
Tribobó City, de Maria Clara Machado
Morre o Rei, de Eugène Ionesco
O Novo Sistema, de Hilda Hilst
O Crime da Cabra, de Renata Pallottini
Olá! Herói, de Neusa Doretto
3.650 noites do Rotunda de Teresa Aguiar
Libel, a sapateirinha, de Jurandir Pereira
Bye, bye, pororoca, de Mah Lully e Timochenco Wehbi
Um Elefantinho Incomoda muita Gente, de Oscar Von Phful
O superpirata Erva-Doce, de Jurandir Pereira- 1981
A Cantora Careca, de Ionesco
A Lição, de Ionesco
O Baú da Inspiração Perdida, de Benê Rodrigues
Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel
Topografia de Um Desnudo, de Jorge Diaz
5 noites de violão, cachaça e poesia, show musical
Poema recheado, de Humberto de Almeida
Ah! Se todos cantassem de manhã, de Zaga Ribeiro
Maria Minhoca, de Maria Clara Machado
Caminhos que fazem o Darro e o Genil até o Mar, de Renata Pallottini
Tobi, o vira-latas, de Marcos Tadeu
Artigo 59, de Carlos Áureo
Quarta-feira, sem falta, lá em casa, de Mário Brassini
Zum ou Zois, de Carlos Meceni e José Mauro Padovani
Sonho de uma Noite de Verão, de W. Shakespeare
Pic Nic no Front, de Fernando Arrabal
Pingo D´Água, de Pedro Molfi
Prá Lá de Bagdá, de Ariane Porto
Cadê o Saci? de Ariane Porto
Topografia de Um Desnudo, de Jorge Diaz
Liberdade, Liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel
Oréstia de Ésquilo, Trilogia:
Agamênon
As Coéforas
As Eumênides
Eternos Modernos, de Sara Lopes
Reflexões, de Zilda Rubinsky
Palavras ao mar: 500 anos de poesia em língua portuguesa, dramaturgia de Zilda Rubinsky
Preparação de atores – longa-metragem

A ilha do terrível Rapaterra de Ariane Porto
Topografia de um desnudo de Teresa Aguiar
O crime da cabra de Ariane Porto

Ao longo da carreira, o Rotunda e sua equipe técnica e artística receberam inúmeros prêmios e menções honrosas, entre eles Molière, Governador do Estado, APTC, Flávio Rangel, FICC…O Rotunda teve a honra de ter seus espetáculos avaliados pelos grandes críticos teatrais do Brasil, tendo recebido inúmeras críticas positivas de Décio de Almeida Prado, Alfredo Mesquita, Sábato Magaldi, Mariângela Alves de Lima, Alberto Guzik, Bárbara Heliodora.

Rotunda 55 anos

Por Ariane Porto
A estória do teatro brasileiro pode ser contada de várias formas, através de vários personagens, que vêm abrindo vários caminhos. Um desses protagonistas foi Paschoal Carlos Magno. Grande incentivador da cultura brasileira, Paschoal criou, disseminou e incentivou o teatro brasileiro através dos estudantes. A época de ouro do Teatro do Estudante teve como expoente máximo os Festivais Nacionais, que aconteceram com mais força dos anos 50 ao início dos 70. Foi uma época de grande efervescência cultural, em que os protagonistas eram os jovens que se utilizavam do teatro para aprender, ensinar, renovar, romper, sedimentar.
Outros protagonistas ocupavam também os espaços que se multiplicavam além das companhias profissionais (que tinham um repertório baseado em obras e formas de interpretação europeias, voltados para o gosto da burguesia) – o teatro universitário e o teatro amador. Em São Paulo, o Teatro Universitário surgiu com a força de nomes como Décio de Almeida Prado e Alfredo Mesquita, enquanto vários grupos de Teatro Amador congregavam pessoas um pouco mais velhas, mais maduras, a maioria já exercendo outras profissões, e que faziam, com grande seriedade e empenho, um teatro de qualidade. Eram grupos de teatro absolutamente descompromissados no sentido material, porque não tinha que ter bilheteria, não tinha que ter sucesso. Tinha, sim, que aprender, que ousar, que experimentar, que encarar desafios enormes, sem a preocupação em acertar ou errar. A grande preocupação era com a formação e a informação.
Se o Teatro do Estudante do Brasil foi o responsável pela explosão de grupos em várias regiões, em São Paulo encontrou eco por meio de um grupo liderado por Teresa Aguiar. Quando Theresinha Aguiar (ou Teresa, ou Tatá, como é mais conhecida) começou a fazer teatro, já existia o Teatro do Estudante de Campinas (TEC), onde Fernando Catani e outros nomes do interior seguiam os passos de um teatro de qualidade, que dialogava com o público local. E foi no TEC que vários nomes da cena nacional foram revelados, mas Teresa Aguiar levou a sério os ensinamentos de Pachoal, e estudar teatro passou a ser sua obsessão. Em pouco tempo, Teresa já estava em São Paulo, tendo como mestres grandes nomes das artes cênicas, responsáveis pela sua formação. Porém, nunca abandonou suas origens no interior. E em 1967 cria o primeiro grupo de teatro do interior de São Paulo: a Sociedade Cultural Teatro Rotunda.
Se dividindo entre a formação de jovens atores e a construção de um teatro profissional no interior do Estado, Teresa passou de aluna à professora, em foi na EAD – Escola de Arte Dramática, que ajudou a revelar outros tantos nomes: “Theresinha Aguiar me dirigiu na peça infantil “O Cavalinho Azul”, de Maria Clara Machado. Com essa peça, ganhei meu primeiro prêmio de teatro. Acho Theresinha Aguiar uma das personalidades mais fortes do nosso teatro. Ela fez do eixo São Paulo-Interior, uma passagem do melhor que se pode ter na cena brasileira.” Ney Latorraca.
Ao lado de Antônio Abujamra, Teresa reabriu o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia, e deu sequência a uma série de produções que se alternaram entre os palcos paulistanos e Campineiros. E cada espetáculo daria uma estória própria, que valeria a pena ser contada e conhecida.
Mas hoje queremos saudar e comemorar a trajetória de um grupo, liderado por uma guerreira: Teresa Aguiar, Comendadora da Ordem do Mérito Cultural do Brasil, diretora que vem revelando tantos talentos, seja nos palcos ou nas telas de cinema. O Teatro Rotunda comemora, em setembro de 2022, 55 anos de atividades ininterruptas. E Teresa Aguiar comemora 70 anos de carreira. E em nome dela, homenageamos e aplaudimos todos os artistas que pelos palcos, telas e picadeiros vêm bordando de sonhos o grande tecido da cultura brasileira.

Publicações

Teresa Aguiar e o Rotunda, 4 décadas em cena (PDF disponível) https://livraria.imprensaoficial.com.br/teresa-aguiar-grupo-rotunda-colec-o-aplauso-teatro-brasil.html

Cartazes do Grupo Rotunda

Fotos do Grupo Rotunda

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